segunda-feira, 5 de abril de 2010

Fräulein Margrit




Quando retornamos ao Brasil, no início dos anos 70, ela viera junto conosco. Era como se fizesse parte da nossa mudança. Havíamos passado dois anos na Alemanha. Meus pais fizeram estudos de pós-graduação, através de bolsa, numa universidade alemã. Seu nome era Margrit, mas meus pais se acostumaram a chamá-la de Fräulein. Um nome carinhoso, que, em alemão, significa senhorita.

Ela era um pouco governanta, babá, empregada doméstica, mas sempre fora tratada como membro da família, indistintamente. Eu, às vezes, imitava meus pais, mas sempre preferia chamá-la de Margrit, mesmo. Acho que por ser mais afetuoso e menos formal. Seu nome tinha tudo a ver com ela. Falava muito mal o português. Somente o necessário para uma comunicação diária.

Naquela época eu era uma criança. Não lembro precisamente a idade. Mamãe se afeiçoou muito e a convidou para nos acompanhar. Margrit era solteira, tinha poucos familiares e disponibilidade para viajar. Acho também que seu espírito aventureiro a fez optar pela viagem. Mamãe também queria que eu aprendesse um pouco mais do idioma alemão, o qual eu apenas conseguira principiar, no pouco tempo que tive de contato.

E agora, quase trinta anos depois, a lembrança daquele período vem, assim, meio enevoada, difícil, sem muita nitidez. Até que o esforço resolva. Mas, apesar disso, ainda mantenho Margrit tão viva na memória, o jeito com que lidava comigo, como me tratava, sempre muito atenciosa, disposta a um carinho, um afeto, e, claro, da sua inconfundível fala, tão exótica, carregada de sotaque. Fräulein Margrit era minha única companhia durante o dia, período em que meus pais ficavam fora, trabalhando, estudando. Era ela quem cuidava das minhas coisas, da minha roupa, do que eu deveria comer, observava meus horários, principalmente os de descanso.

Lembro que ela era muito criativa e sempre disposta a brincar de qualquer coisa para me entreter e encher o meu dia com atividades. Cantava canções típicas alemãs, tentava me ensinar as letras e a melodia, mas eu tinha muita dificuldade. Lembro de cor, apenas, de duas canções: “Oh! Tannenbaum” e “Rudolph das kleine Rentier”. Ela insistia, insistia e repetia até que eu pronunciasse as palavras corretamente e cantarolasse em coro com ela.

Fräulein Margrit era uma típica mulher germânica de cidade pequena, do interior, humilde, simples. Herdara dos seus pais um corpanzil, grande e opolulento, ombros fortes, dorso robusto. Tinha um quadril largo, pernas grossas, braços musculosos. Um tipo alemão de mulher obesa, de gordura uniforme, como aquelas antigas mulheres halterofilistas de circo.  Quando assisti ao filme “Amarcord”, de Fellini, a personagem daquela mulher obesa da mercearia, que quase mata um menino pressionando-o contra seus enormes seios, me fez lembrar de Margrit. Coisas caricaturais, típicas de Fellini. Margrit, também, era como uma personagem de Fellini, quase surreal.

Sim, é assim mesmo que eu a memorizei, mas com muito carinho e saudade. Talvez também tenha sido por sentir tanto sua falta que, conscientemente ou não, sempre gostei das pinturas do artista plástico colombiano Fernando Botero e suas personagens obesas. Naquela época, uma das minhas brincadeiras favoritas era esconder-me sob suas enormes saias compridas, e, com minha alegria incontida, eu ficava passeando por entre aquelas robustas e roliças pernas, tocando aquela pele macia e quente.

Houve vezes em que eu aparecia na porta da cozinha agarrada ao meu cobertorzinho de estimação, pela manhã, ainda sonolenta. Margrit, enquanto fazia algo na pia ou no fogão, tão logo me avistava, com um simples movimento de cabeça, convidava-me para aquele recôndito e singelo lugar, que eu tanto adorava ficar. Ela até afastava bem as pernas para que eu não me sentisse sufocada. Em tudo o que fazíamos, havia um quê de inocência e ingenuidade. Ela me dedicava um excesso de zelo, mas jamais abusou de mim. Acho que foi até bem ao contrário. Eu, uma criança muito mimada e travessa, usava e abusava da minha “tatinha”, tamanho extra-gê.

Era ela quem me acompanhava no banho, lavava meus longos cabelos, depois os secava e os escovava. Fräulein Margrit jamais demonstrava cansaço ou desânimo. Não comigo. Quando ela retornou à Alemanha, eu já devia ter uns dez anos. Lembro-me de como foi difícil nosso rompimento, chorei muito na despedida, sabia que sentiria tanto a sua falta. Pressentia a dor da enorme lacuna que sua ausência nos deixaria, principalmente para mim, que era tão apegada. O trauma da separação foi tamanho, que minha adolescência foi muito triste e pobre de experiências.

Sem Margrit ao meu lado, acho que cresci melancólica, carente e frustrada. Agora estou aqui, sozinha no meu quarto, um pouco deprimida, pensando na minha querida Fräulein Margrit, que marcou tanto minha vida. Espero que ainda esteja viva e que ainda encante as pessoas que a cercam, com sua alegria cativante e desmesurada.

Já não me surpreendo com minha incrível facilidade de me excitar desse jeito. Apenas deixando a imaginação fluir. Vasculhando o baú da memória. Mantenho minha mão pressionada sob o púbis. Um dos dedos na minha abundante lubricidade. Meus pensamentos me entorpecem. De olhos fechados, sem esforço, volto no tempo. Margrit estaria ainda mais uma vez na cozinha. Eu, então, chegaria à porta, como tantas vezes o fizera. Ela me convidaria para mais uma divertida brincadeira.

Eu disfarçaria o fim da minha pureza, a morte da minha ingenuidade. E, ansiosa e ofegante, novamente me esconderia sob sua saia. Ficaria, ali, naquele lugar mágico, roçando-me entre aquelas opulentas pernas de pele muito quente, macia, cheia de pelinhos delgados, suaves como veludo. Só que, dessa vez, ela estaria sem sua enorme calçola. Sentiria aquele aroma a me inebriar mais uma vez.

Deixaria me envolver por aquela atmosfera de penumbra misteriosa, que sempre me instigava. Suas pernas bem afastadas. Minha cabeça erguida. Mãos apoiadas em seus fartos glúteos. Meu Deus! Ah, fosse possível! Se Margrit estivesse aqui, agora, comigo. Estaria deitada, em imensa nudez, ao meu lado, com sua brancura leitosa, sua pele esticadinha nos seus excessos voluptuosos. Eu pediria, como fizera muitas vezes, fazendo beicinho, chantageando-a, e ela não se recusaria.

Eu tomaria, então, na boca o mamilo de um dos seus fartos seios, como uma criança, carente como outrora, agora mais faminta que nunca. Pressiono com mais força minha mão entre minhas pernas. Margrit não está mais aqui. Há uma mescla de memória e desejo turvando minha mente. Tudo parece quase perfeito. Consigo, consigo! E, por segundos, trago Margrit de volta, mantenho-a bem junto a mim, meus olhos fechados, minha boca entreaberta, meus suspiros ritmados. Não posso mais me conter. O clímax do momento. Não... Eu... eu... Mar... grit... Mar-grit!

catherine.lanou@gmail.com - http://catherinelanou.blogspot.com

sábado, 6 de março de 2010

A lembrança de Patrícia



Quando Patrícia me vem à mente, sua imagem é a de uma pessoa feliz, cheia de vida, sempre sorrindo. Olhos vivazes, úmidos, cor de mel em contraste com a armação vermelha dos óculos. Lembro de que ela costumava dizer, com um jeitinho todo especial, “eu te amo” a cada beijo que me dava. Seus beijos eram diferentes, fortes, molhados, sugados, daqueles que fazem barulho, para aparecer mesmo. Ela repetia “eu te amo, te adoro, te venero!” E eu, em vão, sem muito jeito para lidar com sua paixão, pedia para ela parar com aquilo, que soava artificial demais, pouco sincero. E era aí que ela embravecia, partia para cima de mim com uma violência querida e simpática e me ameaçava com mais uma leva de beijos estalados. Quando fazíamos amor, então, só ela sabia fazer aquilo, mordiscava levemente meus mamilos, num deles dizendo “adoro mais este!” e logo em seguida “Não, acho que é deste outro!” e partia para o outro seio exibindo seu lindo sorriso de lábios levemente tortos. Eu ria feliz, adorava cada gesto dela. Patrícia era fora do comum. Cheguei a pensar um dia que não era humana como eu. Achava que ela era um ser híbrido, um pouco anjo e um pouco demônio. Capaz de me levar ao êxtase em questão de minutos. De me levar ao paraíso dos prazeres. Mas depois parecia cobrar seu preço. Como agora, a dor da sua ausência. A falta que ela me faz. Recordo bem que passei a chamá-la com um sotaque britânico, com pê mudo e o cê fazendo um chiadinho - /P-trí-chia/. Ela ria com gosto então. E respondia prontamente. “Sim, meu amor, minha vida!”. Era o seu modo de ver a vida e parecia preencher por completo tudo o que antes era apenas vazio e insegurança. Ela me completava. Certa vez, fomos de moto para acampar em São Vicente. Foi a primeira vez em que viajei de moto. Num dos trechos da viagem ela me fez experimentar a sensação de andar a 160 km/h. Quase morri. Uma loucura. E ela diria depois que eu quase a matei de tanto apertar meus braços na sua cintura. Em outra oportunidade, fomos fazer snorkeling numa das praias de Porto Belo. Aprendi a andar a cavalo com ela num hotel fazenda. Passeávamos quando ela percebeu que meu cavalo mancava. Então retornamos montadas numa mesma égua malhada, de crina branca. Eu na sua frente, mas era Patrícia que comandava os arreios. Um dos braços me segurava na cintura. E ela se aproveitava de mim, sussurrando coisas obscenas, só para eu ter de pedir para que ela parasse com aquilo. Momentos inesquecíveis. Um dia, num fim de semana chuvoso, trouxe livros e filmes. Leu para mim versos de Baudelaire, de “As flores do mal”, os quais eu não esqueci mais: o primeiro, “Os meus beijos são leves como as borboletas / que afloram à tarde sobre os grandes lagos transparentes, / os do teu amante cavar‑te‑iam rugas / como trilhos de carro ou cascos de cavalo”; e o segundo, na estrofe: “Maldito seja para sempre o sonhador inútil / que primeiro quis, na sua estupidez / vangloriando‑se de uma questão insolúvel e estéril, / misturar as coisas do amor e da moral”. Na primeira estrofe, ela dissera, “o amor homossexual, tão delicado e afetuoso em contraste com o amor heterossexual brutal e grosseiro; e na segunda, deixava‑se o terreno limpo dos escrúpulos morais, que nada têm a ver com as coisas do amor.” E um outro que deixou comigo também, um livro que trouxera dos Estados Unidos: “A hand in the bush: the fine art of vaginal fisting”. Ela lera em voz alta as partes que mais nos interessavam. Tinha uma fluência em inglês impressionante, enquanto eu apenas gaguejava. Sobre os filmes, proporcionou-me conhecer boas produções francesas e alemãs de amor entre mulheres e várias práticas sexuais que eu desconhecia até então. Como ela, fiquei também fã de algumas atrizes cujos nomes eu decorei: Daniella Rush, Alisha Klass, Belladonna. Aprendi técnicas sexuais de utilização mais eficiente dos dedos, no “Fingering”, e claro da mão toda, no “fisting”. Patrícia tinha ainda um corpo de adolescente. Não era um corpo de modelo de revista masculina. Era magra, demais até. Um pouco mais alta que eu. Dez anos mais nova. Mas o que me encantava nela eram os detalhes, seus olhos, seu sorriso, seu cabelo castanho escuro, curto, liso, escorrido, a lhe cair constantemente sobre rosto. E ela sempre utilizando a mão esquerda e inutilmente colocava alguns fios atrás da orelha. Quase um cacoete. E, claro, a sua jovialidade e o domínio que exercia sobre mim. Quando fizemos fisting pela primeira vez. Ela parecia uma experiente doutora no assunto. Já não me surpreendia em nada com ela. Pediu que eu me deitasse de costas sobre a cama. Sentou-se ao meu lado na beirada. Disse para eu afastar um pouco as pernas. Joelhos dobrados. Lubrificou seus dedos e começou a fazer uma massagem na minha vulva. Muito suavemente. Aos poucos foi espalhando o gel por toda a área dos grandes lábios, depois foi adentrando numa delicadeza exagerada. Era o que me dizia ser o fingering. Durante vários minutos foi introduzindo apenas as pontas dos dedos. Para acostumar a musculatura da vagina, dizia. Eu procurava relaxar ao máximo, mas a excitação vinha em contramão. Eu suspirava demais, quase não me continha. A ansiedade me pressionava para que ela fosse mais ousada e introduzisse mais e mais dedos. Mas ela, enquanto fazia a massagem, ia falando, “fique bem relaxada, curta cada sensação, desfrute de tudo bem calmamente. Assim, asssim!”. Com o tempo, eu já nem percebia quantos dedos ela já tinha introduzido. Enquanto isso, com a outra mão, ficava massageando a região entre o umbigo e o púbis. Sentia o calor das suas mãos. Até que me avisou que ia forçar um pouco mais, mas que se doesse seria só um pouquinho. Até que, sem que eu sentisse qualquer dor, o fez. Nossa! Foi fantástica a sensação. Um prazer extremo. De completude. Gemi forte e deixei escapar um raro “Meu Deus! Que gostoso”. Depois, continuando o processo, com a mão inteira dentro de mim, ela dizia que ia fazer o movimento de fechar o punho, completando o verdadeiro significado do fisting. Colocara o polegar preso por baixo dos demais dedos, fechando a mão. Mas continuava a fazer pressão dos demais dedos sobre o polegar e era este movimento suave que me levou a orgasmos que eu jamais havia tido. Perceberia mais tarde que fora preciso conhecer uma mulher muito mais jovem que eu para me ensinar a viver melhor e me proporcionar tamanho prazer. E assim Patrícia foi marcando minha vida. Ficamos juntas por quase um ano. Até que um dia ela chegou para mim, inesperadamente, dizendo que ia para Fernando de Noronha de moto. Que queria fazer pesca submarina. Era claro que eu não poderia acompanhá-la, disse a ela. Tinha o meu trabalho, meus compromissos. Mas ela mostrou-se decidida como sempre. Ela dissera que já previa minha reação. E eu também sabia que ela não iria desistir da idéia. Também eu sabia que não conseguiria segurá-la junto a mim por mais tempo. Eu apenas evitava pensar no assunto. Como é do conhecimento de todos, nada é eterno. E Patrícia mesmo dizia que não sabemos que surpresas o futuro nos aguarda, e quando e como ele chegará. Então pregava o famoso “carpe diem”, aproveite o dia, curta cada momento, como se fossem os últimos. Procurei fazer isso com o tempo em que vivi com Patrícia. E ela foi embora. Foi no dia seguinte ao aviso. Durante meses não recebi notícias. Até que, há poucas horas, uma ligação no celular. Para liquidar, moendo a gente por dentro. “Ó! Aqui é da parte de Patrícia! Tinha um bilhete nos documentos dela para avisar neste telefone... É que aconteceu um acidente... Um acidente muito grave... Muito grave mesmo. A senhora está preparada? Lamento dizer (...)” Ela estava voltando de Fernando de Noronha. Chocou-se de frente com um caminhão numa rodovia perto de São Paulo. Ela voltava pra me ver... (desculpem-me, mas eu não consigo mais escrever). Emails para catherine.lanou@gmail.com.

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sexta-feira, 5 de março de 2010

Aroma artificial de morango nº 37


Confirmo pelo olho mágico. Abro a porta. Bárbara? Sorrindo, ela me pergunta, só por perguntar. Ana Maria? Respondo, retribuindo reticente. Ficamos por uma fração de segundo, assim, nos olhando. Sorrimos, enquanto pensamos qual será nosso próximo gesto. Mas não agüentamos por muito tempo. É então o momento em que ela avança sobre mim com uma violência assustadora e me beija. Ela me beija forte. Na boca. Beijo de língua. Direto. Voraz. Agarra-se como se tivesse medo de me perder. Mãos no pescoço, na nuca, nas costas, prendendo-se a mim num abraço vital. Não me oponho. Quero-a também. Com paixão, com força, com desespero. Receptiva e ansiosa, retribuo o beijo naquela mesma intensidade. Ágil, sem desgrudar um segundo sequer da sua boca, do seu abraço, do seu corpo, consigo fechar a porta com um empurrão. Mantenho-a junto a mim, senão morremos.  Vou tateando as paredes. Desviando cegamente dos obstáculos. Sem muito esforço encontro o caminho mais breve que nos leva ao quarto. Nossos corpos sempre grudados. Chocamo-nos de leve na porta entreaberta do quarto. Batemos na lateral do roupeiro. Derrubamos um dos abajures. Tropeçamos no tapete. Batemos no pufe. Mas nada é capaz de nos interromper. O momento é mais importante que tudo. Caímos sobre a cama. Por instantes, interrompemos nosso beijo. Ela, então, muito ágil, tira minhas roupas, e eu as dela. Estamos em estado de êxtase. Uma loucura controlada. Prestes a morrer se não o fizermos. Em segundos, e estamos nuas. Avidamente, retornamos ao beijo. Bocas, lábios e línguas a se devorar. Ela, a muito custo, abandona meus lábios e parte em busca do que parece ser desconhecido. Cada parte do meu corpo é vasculhada minuciosamente por sua quente, úmida, e ferina língua. Não resisto, entregue, não quero que ela pare. Tudo tão delicioso. Um prazer incomensurável. Somos uma da outra. Entregamo-nos por completo. Pescoço, axilas, seios, abdômen, púbis. Ela encontra minha vulva, minha vagina, meu clitóris. Parece sedenta. Sua língua não pára um segundo. Não desperdiça uma gota sequer dos meus fluidos. Quero retribuir, preciso retribuir, senão desfaleço. Então a puxo sobre mim para que possamos satisfazer uma à outra. E assim ficamos. Dando e recebendo prazer, em perfeita sincronia. Sussurros, gemidos, em uníssono. Um odor de morango impregna nossas narinas. A atmosfera do quarto parece nebulosa, rósea. O momento é propício. Queremos nos completar. Tamanha ansiedade, tamanha euforia não daria em outra coisa que não fosse um gozo forte, intenso, selvagem. Acalmamo-nos brevemente, por segundos, mas não paramos de nos tocar. Ainda temos fôlego. Ela, mais uma vez, investe sobre mim. Obriga-me a permanecer deitada, de lado. Ela me guia, erguendo uma das minhas pernas. Ajeita-se na posição. Entrecruzamos nossas pernas. Como duas tesouras gêmeas. Scissor sisters.  Para que nossas vulvas se toquem, quentes, molhadas. Nosso objetivo está ali, tão perto. Em seguida, ajoelhadas, uma em frente da outra. Fazendo carícias, mutuamente, com as extremidades das unhas. Nossos rostos, nossos lábios, nossos seios, nossos ventres. Atingimos a nossa região dos segredos, maior fonte de nossos prazeres. Estamos muito excitadas. Os fluidos escorrem, exalando um morango 37. Nossos dedos dentro de nossas vaginas. Desbravando-as. O dedo indicador é o mais hábil. Uma na outra. Em perfeita harmonia. Enquanto buscamos, mantemos nossas bocas num beijo intenso, lascivo, como se quiséssemos trocar de língua. É tudo tão mágico e intenso. Tão maravilhoso. Inebriante. Ficamos assim, por vários minutos, até que, até que... en-con-tra-mos! Era o que procurávamos. As preliminares foram mais que necessárias, imprescindíveis, não poderíamos ter evitado. Tinha que ser assim. E, simultaneamente, enlaçamos as pequenas argolinhas metálicas. Estavam ocultas nas paredes vaginais, e, agora, presas na última falange dos indicadores. Encaixe perfeito. E, enfim, com firmeza, puxamos juntas, puxamos forte, uma a argolinha da outra. Gememos, gritamos. Irresistível. Não conseguimos evitar. Imperceptivelmente, em instantes, sob aquela atmosfera nebulosa de morango, avolumam-se, enormes, as corcundas em nossas costas. A pele se esticando, a carne se abrindo, ossos se partindo no pequeno espaço entre as omoplatas. Uma dor tolerável. A metamorfose lenta e gradativa. E, em cada uma de nós, bem de dentro das corcundas, saem, enormes, duas asas membranosas, maleáveis, divididas em várias partes cuneiformes, extremidades pontiagudas, como asas de morcego. Mas nossas asas são esbranquiçadas, quase róseas, úmidas ainda. Ficamos nos observando, encantadas com nossos novos acessórios. Movimentamos nossas asas para nos acostumar, pegar o jeito e, por instantes, permanecemos planando no quarto sobre a cama. Por vezes, nos chocamos, pois o espaço tornou-se pequeno. Procuramos equilíbrio de mãos dadas. Planando no suave movimento das asas. Uma sensação ótima e relaxante. Mas nosso processo de mutação é contínuo. Simultaneamente, brotam, avermelhados, dois pequeninos chifres nas nossas testas. E, na altura do cóccix, um desengonçado rabinho de quase um metro, no mesmo tom. Mas nada que possa diminuir nosso encanto. E, sem que possamos evitar, logo começamos a perder a nitidez. Em seguida, nossos corpos vão ficando translúcidos, até atingirmos a completa invisibilidade. Agora sim, só nós podemos nos ver, ninguém mais. Estamos livres. Agora somos capazes de ir a qualquer lugar, a qualquer momento. Basta pensar e... estamos lá. E, neste exato momento, imagine só, onde estamos? Onde estamos? Nós duas estamos bem aí, com você, uma de cada lado. Estamos sussurrando obscenidades inaudíveis no seu ouvido. Estamos sorrindo e analisando seu rosto iluminado pela luz tênue do monitor. Admirando suas feições, tentando interpretar a sua reação ao ler este texto. Mas lhe garanto que nós duas estamos a-do-ran-do fazer isso. É tudo, tudo, tão divertido. Divertidíssimo. (...) E-mails para catherine.lanou@gmail.com

Montanhas leitosas




Bundas. Eram bundas. Três enormes bundas. Seria uma imprecisão da minha parte chamá-las de bumbuns. Acho que bumbum é um termo muito carinhoso. Bumbum é para descrever algo delicado, harmônico, quase per-fei-to. Com absoluta certeza, não era o caso. Eram bundas mesmo. Três enormes, brancas e celulíticas bundas. Suas donas, então, proporcionais, estavam ajoelhadas sobre o sofá. Braços curvados, apoiando o dorso no encosto. Meia dúzia de imensos seios pendentes. A posição em que estavam deixava muito mais altas e arrebitadas suas bundas. Uma ao lado da outra. Minha função, minha obrigação, meu castigo, minha penitência, meu prazer(?), não sabia ao certo. Percebi que eu estava ali para lambê-las, quando ouvi de uma das donas daquelas enormes bundas, que, rindo, mandara: “vamos!, quero ver você me lamber. Saiba que não tomo banho há três dias!”. E as outras duas, juntas, aproveitando a deixa, rindo também e gritando: “vamos!, me lambe que eu acabei de vir do banheiro e não me limpei!” Não dei muita atenção ao deboche. Zombavam da minha atividade, subestimavam-me. E, cumprindo minha suposta obrigação, comecei. Não me fiz nenhum pouquinho de rogada. Estava sendo desafiada e não sou muito de desistir diante de pequenos obstáculos. Achava, também, que não era o momento para questionamentos. Era preciso agir. Elas, muito ansiosas então, na medida em que eu me posicionava, iam se ajeitando no sofá e, com as próprias mãos, habilmente, afastavam suas vastas nádegas. Eu curvara um pouco o corpo e aproximara meu rosto da enorme fenda que surgia entre aquelas nádegas e já sentia o aroma tão característico e, surpreendentemente, afrodisíaco. Abria a boca com jeito, liberava a língua o mais que podia. Umedecia-a bem de saliva. E, sem fazer rodeios, ia direto ao assunto. Atingia a vulva, vasculhava a entrada da vagina entre os fartos pêlos pubianos. O gosto marcante, agridoce e inconfundível me deixava ofegante. Muito excitada, desfrutava do local por longos segundos. Deixava a língua livre para navegar em todas as direções. Surpreendia-me com minha destreza, eu arrancava gemidos, tendo a certeza de que estava fazendo muito bem meu serviço. Permitia que a língua subisse rumo ao períneo. Olhos bem fechados para aumentar a coragem e deixar a imaginação fluir. Tinha certeza de onde estava apenas sentindo nas papilas o peculiar sabor alcalino da região anal, a densidade suave dos pelinhos mais delgados, mais ralos, curtinhos. Sob protesto de quem era lambida e logo abandonada, eu passava, indiferente, para a colega do lado, seguindo o mesmo ritual. A obediência era repetitiva, mecânica. Não devia demonstrar preferências. Estivessem ou não limpas antes aquelas bundas, já não importava, pois minha língua fazia muito bem o trabalho, deixando-as bem molhadinhas e prontas para o que viesse. Elas, visivelmente, adoravam, pois suplicavam para que eu não parasse. Mas, lambida a terceira bunda, parei para recuperar minha saliva, pois não tenho olho d’água na boca. E, simulando desistência, esperei a reação delas. Mas só por breves instantes elas protestaram. Esperei o próximo passo ou a próxima ordem. Elas pareciam ter tudo muito bem planejado. Duas delas, então, me seguraram pelos braços. Obrigaram-me a sentar no sofá. Apossaram-se das minhas pernas. Mantiveram-me de pernas abertas e erguidas. Quase na posição de plantar bananeira. A terceira veio com as mãos besuntadas de um óleo ou lubrificante e começou a manobrar minha vulva. Afastou, bruscamente, os pequenos e grandes lábios, e introduziu os dedos na minha vagina, gradativamente. Logo já tinha quase toda a mão dentro de mim. Forçou um pouco. Mais um pouquinho. Entrou. Girava a mão lá dentro. Eu gemia. Era gostosa a sensação. Tirava a mão. Enfiava a outra. Com os movimentos sequenciais, aumentava o ritmo. Minha vagina nem sequer se fechava e eu sentia uma ou outra mão sendo introduzida. Era tudo muito rápido. Elas três, então, foram se revezando naquela atividade. Por momentos, já não sabia quantas mãos estavam dentro de mim. Tive orgasmos múltiplos, ininterruptos, com a sensação de que estava prestes a morrer. De prazer, claro. Quando os movimentos cessaram, abri os olhos e vi que uma delas introduzia dentro de mim um fórceps de obstetrícia. Fiquei assustada. O que é que queriam tirar de dentro de mim? Ameacei um protesto, mas foi inútil. Entrei em pânico. Quando vi, em sequência, eram outras três mulheres que saiam. Não era possível, mas acontecia. Iria morrer, se continuassem. Mas, para minha surpresa, aguentei firme. Saí ilesa, apesar das pernas cambaleantes, amolecidas. Elas saíram, inteiras, todas de dentro de mim. Eram mulheres imensas, como as mesmas donas das enormes bundas. Agora eram seis. Seis gêmeas. Eram seis mulheres gordas, brancas, calvas e donas de gigantescas bundas. Elas me tiraram de onde estava. Deixaram-me em pé diante do sofá. Enfileiraram-se uma ao lado da outra. As seis, coladas, com aquelas enormes bundas erguidas e arrebitadas. Como estavam, retratavam uma inacreditável topografia de terror. Um relevo assustador, uma cadeia de montanhas leitosas. Mas, ao invés de me pedir para lambê-las, como da primeira vez, começaram, juntas, em uníssono, a cantar a música “Rehab” de Amy Winehouse. Deu-me medo, era surreal, senão hilariante. Um grotesco coro de enormes bundas empinadas. Parecia que aquela canção não saía apenas das suas bocas, mas sim daquelas enormes nádegas, das vaginas, dos ânus: “They tried to make me go to rehab/ But I said 'no, no, no'/ Yes, I've been black, but when I come back/ You'll know-know-know / I ain't got the time/ And if my daddy thinks I'm fine/ He's tried to make me go to rehab/ But I won't go-go-go... (*)” Era o rádio relógio que despertava. Estava salva, ufa!, e suada. Um pouco assustada, admito, mas ilesa. Eram 6 e 45. Tinha, então, vinte minutos para um banho,  para me arrumar e tomar café, pois, às 7 e meia, eu tinha que estar no trabalho. Que loucura! Que loucura! Mas... talvez loucura maior tenha sido o fato de, ao passar em frente ao grande espelho do quarto, deparar-me com meu próprio bumbum (ou bunda!?). Não posso dizer proporcionalmente, mas ela possui um quê de similaridade com aquelas sinistras bundas do meu sonho. Chego a me assustar. Percebo que preciso fazer, urgentemente, um regime.

“(*) Rehab ( tradução) Eles tentaram me mandar para a reabilitação, mas eu disse ‘ não, não, não' / Sim, eu tenho estado mal, mas quando eu melhorar você irá ver, ver, ver / Eu não tenho tempo e se meu pai acha que estou bem / Ele me fará ir para a reabilitação, mas eu não irei, irei, irei”

Meu negro!. ( “My Negger! Or an argument fellatio”)


Tenho acordado de mau humor frequentemente. Passo o dia inteiro mal-humorada. Culpo um pouco a mim, um outro tanto a minha vida, e, grande parte, a rotina dos dias. Sabe? Aquilo tão igualzinho e repetitivo, como se fosse sempre o mesmo dia, como no filme “O dia da marmota” (“Groundhog Day” – 1993), só que nem um pouco engraçado. Sei que o nome dos dias muda pela programação da tevê e sábado tem zorra total (urgh!). De resto, é tudo sempre a mesmíssima coisa: acordar, fazer xixi, escovar os dentes, preparar o café, arrumar a casa, ir pro trabalho, voltar, preparar a janta, dormir. À noite, então, a coisa fica ainda pior. Um marido cada vez mais insosso, ranzinza, gordo, que naturalmente ronca e peida. Pois o que ele solta do seu enorme traseiro não pode ser denominado de pum. Eu? Se soltar um punzinho que seja durante o sono, será sem querer, e eu já acordo e ainda fico com vergonha, preocupada com a possibilidade de alguém ter escutado o barulho ou, o que é pior, sentido o cheiro. Sou educada até comigo mesma. Não adianta, sou assim. Mas a insônia, apesar de incômoda, tem me ajudado um pouco. Pois, enquanto o sono não vem, uma cena não sai da minha cabeça. Não sei se a vi em algum filme, ou a li em algum livro, ou é mesmo fruto da minha fértil imaginação. Interajo e me deixo levar. Há um homem. Um negro. Um homem negro forte e alto. Estou sentada numa sala de espera de algum consultório. Parece um consultório. Não sei. Ele entra na sala, mas não o observo, apenas sinto sua presença. Não vejo seu rosto. Meu negro não tem rosto, mas tem vida. Está descalço. Vejo-o quando ele pára bem na minha frente. Estou cabisbaixa, olhando para o chão. Avisto seus grandes e belos pés negros e muito bem desenhados, dignos de uma escultura. Instantaneamente me vem, como um flash, “A vereadora antropófaga” de Almodóvar (2009), mas procuro não divagar. Concentro-me. Vou erguendo minha cabeça lentamente, contemplo suas canelas lisinhas sem um pêlo, os joelhos sem cicatrizes, a barra do hobby de seda branco. Ele desata o cinto com suas mãos ágeis e abre o hobby para exibir uma das coisas mais lindas e impressionantes que já vi. Um belo “pinto” negro. Ou melhor, um pênis negro. Não, um enorme, mas ainda flácido, pênis, como aqueles de livros de educação sexual. Perfeito, harmônico, na cor e na textura. A expectativa de vê-lo ereto me é excitante. E o que fazer diante de uma obra prima da natureza diante da sua face. Um pênis maravilhoso a poucos centímetros da sua boca. Hipnotizada, e fazendo a única coisa a se fazer num momento como aquele, tento, com relativo esforço, erguer o mais belo dos “paus” (desculpem-me a expressão chula!) e uso ambas as mãos. Observo o lindo contraste da pele clara das minhas mãos, o vermelho das unhas com o chocolate daquela preciosidade. Levo minha boca entreaberta para desfrutar de tamanha beleza, mas é em vão, mal consigo abocanhá-lo. Então uso o plano B: a língua. Ufa! Seria frustrante se não conseguisse. Esta minha língua nunca me falta, pois também me orgulho por salivar em abundância. E começo a agir, sem perder tempo. Ouço os primeiros suspiros do dono daquela “magnífica ferramenta” (perdão, mais uma vez!) e percebo o rápido processo de enrijecimento, fruto do sangue fluindo rápido no corpo cavernoso. Eu sempre adorei biologia e os corpos cavernosos desde a juventude despertaram minha curiosidade. Ainda bem que fui filha única e, desde pequena, tive a excitante curiosidade por tocar e sentir a pele de um pênis, ainda mais de um negro. Sei de muitas mulheres que tem verdadeira ojeriza (totalmente sem sentido) por tocar em um pênis, quanto mais lambê-lo ou tomá-lo na boca. Acredito que tudo é fruto de educação castradora do conservadorismo religioso que ainda impera na nossa sociedade terceiro-mundista; ou então de aversão psicológica ao pai; ou repulsa comportamental a um irmão que a tenha incomodado. Não falo em molestar. É diferente. Enquanto os homens adoram observar a nudez feminina, inclusive a de uma irmã, a recíproca não é verdadeira. Mas não quero fugir e volto ao meu negro. Continuo. Minhas mãos e boca não dão conta daquela maravilha natural. Sem muito refletir, começo a lamber toda a extensão daquele membro e volto, volto sempre à cabeça. A cabeça é linda, quente e lateja e reluz com minha saliva. Persistente, insisto ainda em tomá-la na boca num grande esforço, mas a dor nas articulações do maxilar me faz recuar em mais uma tentativa. Volto com a língua. Ele geme e geme alto. Seu corpo já está curvado em minha direção. Sinto suas mãos num toque delicado segurando minha cabeça forçando-a num vai-e-vem. Acho que ele teme que eu pare, mas não sou louca e tenho os pés no chão. Jamais faria a coisa errada no momento certo. Ele parece ser bem resistente. Já se passaram bons minutos e ele se mantém ali, firme. Acho que todos os homens deveriam ser como este. Deveriam ser menos brancos, ter mais cor e menos pêlos. Deveriam ter pênis maiores e mais vistosos. E, claro, uma resistência homérica, para dar conta de um corpo feminino, repleto de prazeres e rico em enigmas a serem desvendados, pois, como bem disse Luís Fernando Veríssimo, “as mulheres são de outro planeta”. Fico curiosa em saber até quando e o quê e quanto sairia daquela frestinha no meio daquela cabeça lustrosa, a qual jamais esqueço de lamber. Excita-me a idéia de ver o contraste do branco do sêmen com a cor achocolatada daquele pênis. Mas... nem tudo são flores na minha vida e tudo fica escuro. A noite no meu quarto é muito escura. Se meu negro estivesse aqui nessa escuridão, talvez não conseguisse vê-lo, mas sentiria sua presença e seu calor. Nas trevas do quarto da minha vida, sou despertada pelo som de um pum barulhento e fétido de meu marido. Cubro minha cabeça para diminuir o desconforto. Uma indignação de quase ódio me toma. Mas quase sufoco e volto a respirar aquele ar contaminado. Torço para voltar a dormir e rezo (força de expressão) para que o dia logo amanheça. Nestes momentos, quero a minha rotina diária. Passam-se os dias. Tão iguais que até perco a conta. De repente, sentada na cama, numa sensação de “dejà-vu”, tenho a impressão de que o homem negro alto irá adentrar no meu quarto, irá parar na minha frente para me mostrar aquela obra prima de perfeição. Mas não. Quem entra é um homem branco, baixinho, barrigudo e pálido, de peito peludo e grisalho, ridiculamente envolvido até na cintura por uma toalha surrada e de cor estranha. Pára na minha frente, despe-se da toalha e exibe algo deprimente: um pinto pequeno, murcho, sem cor e sem vida. É meu marido. Minha vontade é de gritar por socorro: “Tirem-me daqui!”; “Onde está o negro dos meus sonhos?”. Mas me contenho. Sou comedida. Não esboço qualquer reação. Num reflexo, limito-me a dizer, apenas, estrategicamente, claro: “Ai, querido. Hoje não! Estou com uma dor-de-cabeça que nem imagina!”. E reflito agora, num exercício pleno de razão: estou convicta de que a evolução da sociedade moderna deve passar obrigatoriamente pela miscigenação com a raça negra. Teríamos menos câncer de pele, mais resistência, mulheres com mais bumbum e requebrado, e homens bem mais atraentes e, obviamente, com pênis mais belos. E não se deixem levar, pois, infelizmente, minha suposta promiscuidade limita-se a uma tela de monitor de 17 polegadas. E, claro, todos têm o direito de discordar do meu ponto de vista. Sorri guys! But this is really all fiction!
P.S.: Não entendo como, mas muitos “evangélicos” estão lendo meus textos e enviando e-mails para me converter, muito provavelmente tentando garantir suas entradas para o Céu. Agnóstica convicta, digo que o Céu não existe ( e “o Inferno são os outros”) e a vida? Esta que está aí diante dos nossos olhos, a vida é uma só. Portanto, aproveitem o quanto puderem. Não há “segunda chance”!
 
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